Nos últimos anos, vimos como certos bairros tem sido transformados através de grafites e intervenções feitas por artistas urbanos, que vêm encontrando cada vez mais lugares onde podem transmitir suas mensagens. Essas intervenção, por vezes, fazem com que os cidadãos se identifiquem com seu entorno, o considerem mais acolhedor e, inclusive, mais bonito.
Essas mostras de arte transformam em galerias lugares que comumente não estamos acostumados a enxergar. Um exemplo disso é o último trabalho do artista português Artur Bordalo, conhecido como Aka Bordalo II, que desde o início desse ano se dedicou a intervir os trilhos dos trens de Portugal com a série de grafites “Tracks”.
Confira as mensagens de cada grafite a seguir.
Embora Artur seja um artista que se dedica a intervir principalmente nos edifícios e nas ruas das cidades portuguesas com grafites e esculturas feitas com materiais reciclados, nessa série mudou a diretriz de seu trabalho e fez grafites com tons mais críticos.
Com isso em mente criou “Dar uma mão”, um grafite com o qual procura manifestar como os negócios sujos podem destruir uma economia.
Em “Menos dependência: O dinheiro governa o mundo”, o grafiteiro quis transmitir a ideia de que as pessoas estão tão dependentes dos números que não se permitem desfrutar da vida. Por isso, através da rompimento de algumas correntes, o artista procura liberar as pessoas dessa pressão.
Continuando essa ideia, em outro grafite da série, chamado “Broken Line”, atenta para que as pessoas não tenham medo de romper barreiras que a sociedade assume como “normais”.
O único grafite da série que possui um toque mais sentimental é “Ataque do coração”, com o qual Artur expressa que muitas vezes as escolhas que as pessoas fazem significam uma divisão na vida, mas nem por isso devem ser assumidas como um ataque.
Embora os ruídos que emitem os trens nos trilhos sejam bastante desagradáveis, o artista procura fazer com que os cidadãos mudem essa percepção e em vez de assumi-la como algo incomodo, em “Música Online” eles são interpretados como um som que faz parte de uma música das cidades.
Quando andamos nos metrôs, ônibus ou quando estamos nos restaurantes, é comum perceber que as pessoas não conversam por estarem olhando seus celulares. Artur afirma que os cidadãos estão se tornando escravos da tecnologia e por isso estão perdendo sua liberdade de tomar decisões. Levando isso em conta, “Online/Offline” é uma reflexão de que já não existe tantas diferenças entre quando as pessoas estão conectadas ou não.
Outra amostra da sua crítica à dependência econômica é expressa em “O jogo da vida”, no qual especificamente considera que o dinheiro está “sobre a paz, amor e o que seja”.
Finalmente, em “Levar a criatividade a um buraco negro”, a única intervenção da séria que, de certa maneira, não tem um fim bem definido, Artur faz uma crítica as leis que sancionam as mostras de arte urbana e que as consideram ilegais. Assim, o artista usou várias cores para expressar seu descontentamento com os lugares sem cores e sem vida das cidades.
Via Plataforma Urbana. Tradução Camilla Ghisleni, ArchDaily Brasil.